Fabula

Logo após conhecer o ar, abracei o dom de voar. A noite viajava voando por cerca de 20 minutos, era o que meu corpo aceitara naquele momento. Em algum momento fui visto e logo percebi que era o delírio de um viajante cansado, nada mais. Quando cobria meu caminho no solo, minhas asas eram parte da minha pele, ficando quase que junto de mim, assim como o manto.

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A paisagem mudara completamente. A terra escura deu lugar às plantações e em algum lugar uma árvore brotara, dela algumas frutas, geralmente maças. Em uma dessas árvores estava Danã. Eu ainda não o conhecia, mas sabia que de certa forma era peculiar e importante na minha jornada.

_Ola viajante! Não terias algo para saciar meus desejos? Como vê, não possuo nada...
_Então não me vê também. Tenho somente o manto que me cobre.

Posso lhes garantir que não foi um tempo agradável aquele, um silêncio estendido pairou, e logo fiquei inquieto. Estava na sua frente parado, ele estava escorado na macieira. Seus cabelos eram brancos, algumas cicatrizes salpicadas no rosto e cabeça baixa.

_Jovem, porque continuas parado? Se não há nada para me oferecer prossiga e me deixe só, como antes estava.
Houve então mais silencio.
_Não conseguira trocado sequer se não olhar para as pessoas, acredite velho, sempre me alimentei da piedade dos outros.
_Se não percebes, então lhe direi. Sou cego meu jovem, mas vejo que não é nada sensitivo a ponto de perceber...
_Você é audacioso para um velho cego. – talvez isto não tivesse ocorrido semanas atrás, mas agora era diferente. De alguma forma vi o quão em paz Danã estava, e algo em mim queria saber mais.
_Meu jovem, porque eu teria medo de dizer o que penso? Só haveria medo em mim se soubesse que estava falando com algum ser inteligente o suficiente para entender o que falo, o que não é o caso... ou é?
_Como deduz minha capacidade se nem ao menos me vê?
_Mas escuto a arrogância em sua voz, pra mim é o que basta.
Sentei ao lado do velho.
_Meu nome é Dédalo, qual o seu?
_Danã.
_Eu teria matado você se estive armado...

Não sabemos o tamanho de uma arvore só pelo tamanho de uma semente.