Depois que os olhos alcançam o que querem, fecham-se para a realidade pura. Eu vi a criança atrás da cerca, não chorava e nem ao menos falava, ela só olhava com seus olhos de expressão.
Continue lendo...Enquanto a chuva cobre o céu, ele fica parado, fugindo do trabalho esperando a esperança com suas tropas infantis. Mas ele não chora, ele não tem pai, nem mãe e não tem os avós. Ele procura inocentemente perto dos corpos. Pobre criança que somente conhece a dor e a fome. Socos e chutes o devoram dia a dia, pobre esperança que se desfaz sem lagrimas e mesmo assim os olhos mostram tanta dor atrás da cerca.
Quando as pessoas passam, alemães, americanos, chineses, olham com desdém e nojo. Mas não sinto seu cheiro, não enxergo a sujeira, não percebo a maldade. Onde estão as convicções? Onde elas são feitas e desfeitas? Onde a compaixão? Onde esta a criança de uma pessoa qualquer?
Atrás das grandes, junto com os trabalhadores de uma cor só, esta a criança com olhos profundos. Ele sabe que no fundo um dos corpos é o pai. Sabe que atrás da cerca vive um mundo sem vida, com ideais de valores confusos e embriagados, ele sabe a sua maneira. Ele não precisa que o ame, ele sente fome, frio e culpa por convicções malucas.
A criança que olha do outro lado pede um abraço de quem passa, e que nele venha pão e um belo cobertor. Espera que seu pai venha correndo de uma cabana que guarda corpos, segurando com suas mãos fracas uma barra de chocolate.
Espero que não esperem que essa criança esteja viva ao final do meu texto...
1 comentários:
I fell Blue and Gray Vibes!
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